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A ZDF acompanha a ascensão da AfD. O relatório mostra que as emissoras públicas também produzem bom jornalismo.

A ZDF acompanha a ascensão da AfD. O relatório mostra que as emissoras públicas também produzem bom jornalismo.
Ponto de virada no debate sobre asilo: em 31 de dezembro de 2015, centenas de mulheres relataram ataques de migrantes na celebração de Ano Novo em Colônia.

Quando a emissora pública alemã anuncia um programa sobre a crise migratória de 2015 e a AfD, é difícil evitar sentimentos negativos. Será que o programa será acompanhado por uma música sinistra desde o primeiro minuto?, pergunta-se. Ou Anja Reschke e Georg Restle explicarão ao público que o lado obscuro da migração, como o aumento dos crimes com facas e o islamismo, são meros frutos da imaginação de racistas?

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O documentário da ZDF "AfD – Ascensão na Crise dos Refugiados", exibido na noite de terça-feira, expõe essas preocupações como preconceito. Enquanto a música sinistra está presente, os jornalistas da ZDF se abstêm de moralizar. Em vez disso, traçam a ascensão da AfD, deixando seus protagonistas falarem.

A mídia está em frenesi com a ideia de “refugiados são bem-vindos”

Isso não os torna mais simpáticos. Por exemplo, quando a deputada da AfD, Beatrix von Storch, diz com um gesto de desdém que os alemães simplesmente querem que "as pessoas saiam. E rápido". Von Storch não diz quantos estrangeiros ela acha que deveriam sair. Mas é provável que sejam muitos. Von Storch é uma das radicais que assumiram o controle da AfD a partir de 2015.

A onda descontrolada de migração, como a reportagem da ZDF demonstra claramente, foi a salvação do então partido liberal-conservador, que na verdade havia sido fundado em protesto contra a política do euro de Angela Merkel. Antes da crise dos refugiados, o partido alcançava 3% a 4% nas pesquisas. O ex-político da AfD, Steffen Königer, expressa isso da seguinte forma no programa: "A frase 'Nós conseguimos!' foi o segundo auxílio para o nascimento da AfD."

A princípio, Angela Merkel não era de forma alguma a otimista do tipo "Nós conseguimos" que descartava todas as objeções à abertura das fronteiras como previsões sombrias de uma Alemanha obscura. Em vez disso, em julho de 2015, veículos de comunicação de esquerda como a "Stern" a retrataram como uma "rainha do gelo" antipática. Isso se devia, em parte, ao fato de ela ter explicado a um jovem migrante diante das câmeras que a Alemanha não podia acolher a todos.

Merkel provavelmente só mudou de ideia sob pressão da mídia, que entrou num frenesi de "refugiados bem-vindos" do qual nem mesmo o jornal "Bild" conseguiu escapar. A AfD, por outro lado, foi inicialmente liderada pelo professor moderado de economia Bernd Lucke no verão de 2015. Na reportagem da ZDF, ele pode ser visto sendo vaiado na conferência da AfD em Essen por alertar contra a exclusão de todos os muçulmanos.

Voltando-se para o Putinismo

André Poggenburg, ex-funcionário da AfD, considerado radical demais até mesmo para a AfD, relembra com prazer, diante das câmeras da ZDF, como os Luckes do partido foram instruídos: "Vocês, professores ecológicos, sumam!". A ZDF atribui o sucesso da AfD radicalizada principalmente à véspera de Ano Novo em Colônia, que destruiu muitos sonhos de um mundo multicultural perfeito. Naquela noite, centenas de mulheres foram apalpadas e assediadas, algumas até estupradas. Os suspeitos eram, em sua maioria, norte-africanos.

Ao contrário de 2016, quando muitos veículos de comunicação e políticos minimizaram os ataques ou denunciaram qualquer referência à origem dos perpetradores como racismo, a ZDF agora reconhece abertamente esses fatos. No entanto, o programa não faz nenhuma referência a outros fatores que possam ter contribuído para a ascensão da AfD, como o ataque terrorista islâmico à Breitscheidplatz ou a relutância generalizada de muitos políticos em abordar a criminalidade ou a violência relacionada à migração nas escolas.

A guinada da AfD para o putinismo é completamente ignorada, mas provavelmente será importante para seu sucesso eleitoral, especialmente no leste da Alemanha. O programa continua valendo a pena ser assistido, embora ofereça análises mais aprofundadas da ascensão da AfD.

nzz.ch

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