Em Arles, dias íntimos numa favela

Eles são bonitos e elegantes com suas jaquetas de couro, seus afros ou seus macacões. Sorriem e até se beijam diante da câmera. Seus nomes são Joachim, Elana, Antonio, Quinzim ou Edénéia… São moradores de uma favela de Belo Horizonte, Brasil, nas décadas de 70 e 80, com origens variadas. Todos confiaram aos fotógrafos João Mendes e Afonso Pimenta para fazer seu retrato ou imortalizar uma celebração familiar: um nascimento, um batizado, um casamento ou um aniversário na comunidade da Serra… É alegria e bom humor que esses moradores de uma das maiores favelas do Brasil se comunicam em filme, durante a ditadura militar, na bela exposição “Retratistas do Morro” na Croisière, como parte do ano Brasil-França 2025. Esse arquivo poderia ter definhado e desaparecido. Mas o artista Guilherme Cunha, curador da exposição, entendeu a importância desses documentos, que contam a história de uma parte negligenciada de seu país. Minas Gerais é conhecida por suas histórias; é uma região com muitos contadores de histórias. Inicialmente, nos interessava a história oral das favelas.
Libération