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Colóquio «Albufeira Romana» deu a conhecer a história do concelho no Festival Baltum

Colóquio «Albufeira Romana» deu a conhecer a história do concelho no Festival Baltum

O Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira foi pequeno para acolher todos os interessados em conhecer os testemunhos sobre a passagem dos romanos pelo concelho no colóquio «Albufeira Romana – território, cultura e memória», realizado na quinta-feira, dia 24 de julho, no âmbito da estreia do Festival Baltum

José d`Encarnação, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, especialista em epigrafia, com destaque para o estudo dos monumentos epigráficos romanos do sul de Portugal, apresentou o painel dedicado ao tema «A Sociedade Romana no Algarve».

Na sua abordagem, falou sobre a sociedade da época; como a conhecer através de testemunhos arqueológicos e da epigrafia (inscrições deixadas em material duradouro, no caso do Algarve sobre pedra calcária, como por exemplo monumentos, estelas funerárias, placas em base de estátuas, etc.), um legado que nos conta histórias sobre o território, os usos e costumes, a atividade comercial, a escrita do Sudoeste, as técnicas utilizadas e as classes sociais. Entre os vários achados, destacou um pedestal de calcário, uma homenagem ao Imperador César Lúcio Domício Aureliano, encontrado em Ossonoba (Faro), atualmente em exposição no Museu daquela cidade algarvia; uma placa em Balsa (Tavira) em homenagem a um defunto, em exposição no Museu Nacional de Arqueologia; a estela funerária do Museu de Lagos (Lacóbriga); o pedestal dedicado a Júpiter em São Bartolomeu de Messines; o altar dedicado ao Deus Silvano, em exposição no Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira, entre outros.

José d`Encarnação realçou o facto de as cidades algarvias com portos de mar faziam a ponte entre o Norte de África e o litoral atlântico, destacando a sua atividade comercial e a importância do Garum (molho de peixe fermentado: o condimento mais valioso do Império Romano), dando como exemplos as fábricas de Tróia (Grândola), frisando que no Algarve também havia uma, precisamente em Albufeira, na Praia de Santa Eulália.

Já Luís Campos Paulo, arqueólogo da Câmara Municipal de Albufeira, apresentou o tema «Albufeira Romana», uma síntese sobre a ocupação romana, o património e a arqueologia, com base no trabalho desenvolvido pelo Gabinete de Arqueologia do Município ao longo de vários anos.

O técnico informou que Albufeira tem mais de 60 registos arqueológicos do período romano. Grande parte deste conhecimento é resultado do esforço do município em integrar a salvaguarda do património nas obras públicas e privadas, levando a trabalhos arqueológicos sistemáticos todos os anos, sobretudo desde 2011. Tal tem sido essencial para trazer à luz muitos destes vestígios romanos.

Existem testemunhos do povoamento romano um pouco por todo o território, disse, desde achados isolados como moedas, fragmentos de cerâmicas e notícias de um anel em ouro encontrado no centro antigo. A Árula Votiva dos Serros Altos é um dos testemunhos mais emblemáticos, descoberta do arqueólogo Estácio da Veiga.

Informou, também, que durante as obras para a construção da linha de alta tensão foi encontrado material disperso em Paredinha São Leonardo e Alcaria II, nomeadamente construções em alvenaria, telhas romanas, cerâmicas comuns, entre outros testemunhos.

Luís Campos Paulo sublinhou que, que no interior do concelho, os achados estavam intimamente relacionados com a atividade agrícola, enquanto no litoral se prendiam com o intenso comércio com os vários portos do Império.

Os produtos que se destacavam eram a salga de peixe e os molhos de peixe fermentado (Garum| Allec), sendo que a sua importância é mostrada pelas dezenas de fábricas de preparados piscícolas conhecidas no Algarve. No concelho de Albufeira existem três locais com este tipo de ocupação industrial: zona antiga, com a descoberta de tanques de salga, aquando da construção do Centro Comercial Albufeira; aparentemente confirmada com as obras de Requalificação Urbana onde foi encontrado diverso espólio arqueológico do período romano, nomeadamente ânforas, pesos de redes e outros testemunhos relacionados com a atividade piscatória e a Praia dos Aveiros – tanque de salga escavado na rocha, muito afetado pela ação erosiva do mar, provavelmente integrado numa fábrica já desaparecida.

Há a destacar, também, a fábrica de preparados piscícolas de Santa Eulália, no topo da arriba, a 16 metros de altura, uma das descobertas mais importantes deste período em Albufeira.

Mais recentemente, destaque para a descoberta feita por um particular na Ribeira de Quarteira (Praia da Rocha Baixinha) – uma ânfora do período romano para transporte de vinho.

Relativamente aos testemunhos relacionados com a atividade marítima, refira-se, também, a descoberta de cepos de âncora encontrados nas praias da Galé e Aveiros (espólio já musealizado).

O colóquio «Albufeira Romana – território, cultura e memória» foi um dos pontos altos da primeira edição do Festival Baltum.

A última intervenção coube a Idalina Nobre, historiadora do município de Albufeira, que escolheu como tema «A Dieta Alimentar no Período Romano», que a técnica refere integrar a Dieta Mediterrânica sem grandes alterações ao nível dos produtos consumidos.

Destacou a abundância de peixe e marisco, pescado no mar e nas ribeiras de Espiche e Quarteira e de produtos da terra, provenientes, sobretudo, dos terrenos férteis do barrocal: cereais, azeite, legumes, frutas e variedade de carnes.

Idalina Nobre sublinhou que a dieta do período romano baseia-se na frugalidade, simplicidade e nos produtos da época, sendo a salga e a secagem ao sol as técnicas utilizadas para conservação dos alimentos.

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